Símbolo

Símbolo

Por Frith Luton

Traduzido por Deborah Jean Worthington, de https://frithluton.com/articles/symbol/

Símbolo. A melhor expressão possível para algo desconhecido. Toda expressão psicológica é um símbolo se assumirmos que ela declara ou significa algo mais, e diferente, de si mesmo; que escapa ao nosso conhecimento atual [“Definições”, CW 6, par. 817. ]

Jung distinguiu entre um símbolo e um sinal. Insígnias em uniformes, por exemplo, não são símbolos, mas sinais que identificam o usuário. Ao lidar com material inconsciente (sonhos, fantasias etc.), as imagens podem ser interpretadas semioticamente, como sinais sintomáticos apontando para fatos conhecidos ou conhecíveis, ou simbolicamente, como expressando algo essencialmente desconhecido. A interpretação da cruz como um símbolo do amor divino é semiótica, porque o “amor divino” descreve o fato de ser expresso melhor e mais adequadamente do que uma cruz, que pode ter muitos outros significados. Por outro lado, uma interpretação da cruz é simbólica quando a coloca além de todas as explicações concebíveis, considerando-a como expressando um fato ainda desconhecido e incompreensível de uma natureza mística ou transcendente, isto é, psicológica, que simplesmente se encontra mais adequadamente representado na cruz. [. Ibidem, par. 815. ]

Se algo é interpretado como um símbolo ou um sinal depende principalmente da atitude do observador. Jung ligou as abordagens semiótica e simbólica, respectivamente, aos pontos de vista causal e final. Ele reconheceu a importância de ambos. O desenvolvimento psíquico não pode ser realizado apenas por intenção e vontade; precisa da atração do símbolo, cujo valor quântico excede o da causa. Mas a formação de um símbolo não pode ocorrer até que a mente se demore o bastante nos fatos elementares, ou seja, até que as necessidades internas ou externas do processo da vida tenham provocado uma transformação de energia. [“Sobre energia psíquica”, CW 8, par. 47. ]

A atitude simbólica é, no fundo, construtiva, na medida em que prioriza a compreensão do significado ou objetivo dos fenômenos psicológicos, em vez de buscar uma explicação redutora. É claro que existem neuróticos que consideram seus produtos inconscientes, que são principalmente sintomas mórbidos, como símbolos de suprema importância. Geralmente, no entanto, não é isso que acontece. Pelo contrário, o neurótico de hoje é muito propenso a considerar um produto que pode ser realmente cheio de significado como um mero “sintoma”. [“Definições, CW 6, par. 821. ]

O interesse principal de Jung por símbolos reside na capacidade de transformar e redirecionar energia instintiva. Como explicar os processos religiosos, por exemplo, cuja natureza é essencialmente simbólica? Em forma abstrata, símbolos são ideias religiosas; na forma de ação, são ritos ou cerimônias. Eles são a manifestação e expressão do excesso de libido. Ao mesmo tempo, são um trampolim para novas atividades, que devem ser chamadas culturais, a fim de distingui-las das funções instintivas que seguem seu curso regular de acordo com a lei natural. [“Sobre energia psíquica”, CW 8, par. 91. ] A formação de símbolos ocorre o tempo todo na psique, aparecendo em fantasias e sonhos. Na análise, depois de esgotadas as explicações redutivas, a formação de símbolos é reforçada pela abordagem construtiva. O objetivo é disponibilizar energia instintiva para um trabalho significativo e uma vida produtiva.

© do Léxico de Jung de Daryl Sharp, reproduzido com a gentil permissão da autora.

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