O inconsciente coletivo – o que é e por que você deveria se importar?

O inconsciente coletivo – o que é e por que você deveria se importar?

Última revisão por Sheri Jacobson 11 de maio de 2017

Traduzido por Deborah Jean Worthington, de https://www.harleytherapy.co.uk/counselling/what-is-the-collective-unconscious.htm

O inconsciente coletivo era um conceito radical em sua época.

Criado por Carl Jung, foi a idéia que separou Jung das teorias – e, finalmente, da amizade – de Sigmund Freud.

Embora a aliança entre Freud e Jung não tenha resistido ao teste do tempo, a ideia de Jung acabou resistindo, e o inconsciente coletivo sem dúvida se tornou sua contribuição mais importante à psicologia.

Embora agora apresentadas em outras teorias e raramente atribuídas a Jung, as ideias apresentadas inicialmente pelo inconsciente coletivo são agora uma parte aceitável e altamente útil de muitos tipos diferentes de pensamento científico.

O que é o inconsciente coletivo?

Jung propôs que o inconsciente coletivo é uma camada de nossa mente inconsciente que encontramos neste mundo, que conecta cada um deles à história dos pensamentos e comportamentos de toda a humanidade.

A ideia cristalizou para Jung depois de um sonho em que estava em uma casa, com o primeiro andar bem decorado e organizado (personalidade consciente), depois o térreo mais medieval e sombrio (inconsciente pessoal) e, finalmente, um porão com sinais de cultura primitiva e com crânios antigos (inconsciente coletivo).

Uma analogia moderna pode ser imaginar o inconsciente coletivo como um “banco de dados” herdado ou como a “nuvem” computacional. É um vasto campo de informação que remonta aos tempos antigos que todos podemos acessar, se precisarmos, e que nos permite ter experiências típicas da humanidade.

O que o inconsciente coletivo contém?

O inconsciente coletivo contém o que é chamado de “arquétipos”.

Arquétipos são conceitos universais que parecemos saber instintivamente, ou o que Jung descreveu como “estruturas psíquicas idênticas comuns a todos”. Arquétipos significam que podemos ter os mesmos pensamentos e ideias que outras pessoas que nunca conhecemos, mesmo que sejam de um background e cultura completamente diferentes.Um exemplo seria o relacionamento mãe-filho. Ninguém nos diz o que é uma mãe, mas reagimos de certa maneira a uma figura materna, independentemente de onde nascemos no mundo ou de qual seja nossa cultura, religião ou raça.

Se tudo isso é verdade, por que não somos perfeitamente inteligentes e mais parecidos?

Para iniciantes, está na palavra ‘inconsciente’ – o inconsciente coletivo, funciona de uma maneira que está além do nosso controle mental. Os arquétipos contidos no inconsciente coletivo também estão essencialmente inativos. Como Jung disse, eles podem ser vistos como “os depósitos de todas as nossas experiências ancestrais, mas não são as próprias experiências”.

Como os modelos, os arquétipos só se tornam experiência quando, inconscientemente, escolhemos representá-los, desencadeados por algo que acontece conosco, como um desafio ou uma crise na vida. E porque o que acontece com cada um de nós é único, usaremos e manifestaremos partes do inconsciente coletivo de uma maneira que também é individual.

Por que Freud odiava tanto a idéia do inconsciente coletivo?

Jung não compartilhou a ideia de Freud de que a experiência pessoal nos molda. É que ele não acreditava, como Freud, em que chegamos como uma lousa em branco ao mundo e somos apenas um produto de nossas experiências, o que significa que cada coisa em nossa psique é única para nós.

Jung achou esse ponto de vista limitado e decidiu que chegamos ao mundo com o inconsciente coletivo já em vigor. Temos um “potencial arquetípico” que podemos escolher para ativar e desenvolver ou não.

Assim, para Freud, existe experiência pessoal para desenvolver quem somos. Para Jung, existe experiência pessoal para desenvolver o que já está dentro de nós.

Como Jung surgiu com a idéia do inconsciente coletivo?

Os sonhos tiveram um papel importante em Jung, formando sua teoria do inconsciente coletivo.

Desde a infância, ele ficou fascinado por um instinto de estar conectado a algo maior que ele, e percebeu que seus sonhos continham coisas que estavam além de seus próprios conhecimentos e experiências.

Mais tarde, Jung trabalhou em um hospital psiquiátrico, onde teve a chance de estudar pacientes próximos com esquizofrenia e tornar suas observações científicas. Ele percebeu que, dentro das alucinações e delírios de seus pacientes, havia imagens e símbolos maiores que suas possíveis experiências pessoais, e até proporções míticas.

Foi uma ideia louca ou existe alguma verdade nisso?

Teorias semelhantes às de Jung agora são respeitadas nos ramos modernos da psicologia e da ciência, o que significa que a ideia de Jung estava à frente de seu tempo.

Um exemplo é a etologia, uma biologia comportamental que envolve o estudo de animais em seus habitats. Foi descoberto que todas as espécies contêm no sistema nervoso central codificado o que é chamado de “IRMs”, mecanismos de liberação inatos. Estes são vistos como um conjunto herdado de comportamentos que se tornam ativos quando confrontados com o estímulo certo.  Um exemplo disso são as gaivotas, que veem a mancha vermelha no bico da mãe e a bicam para que ela lhes dê comida.

Então, como o inconsciente coletivo tem alguma utilidade para mim?

Jung sentiu que podemos acessar diretamente o inconsciente coletivo através de nossos sonhos. Podemos lembrar de nossos sonhos, procurar os arquétipos e depois interpretar a sabedoria que o arquétipo oferece. Por exemplo, se sonhamos com um velho conversando conosco, podemos decidir que é um sinal de que estamos no caminho certo da vida e nos aproximando de nossa sabedoria interior pessoal.

O inconsciente coletivo também é uma maneira de se sentir conectado, em vez de separado, dos outros no mundo. Podemos vir de lugares e pontos de vista diferentes, mas todos ansiamos por uma mãe, sentimos medo quando pensamos na morte e procuramos heróis. E todos nós sonhamos com arquétipos à noite.

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