Etapas do Processo de Individuação

Etapas do Processo de Individuação

Por Carl Jung Resources

Traduzido por Deborah Jean Worthington, de https://www.carl-jung.net/individuation_steps.html

A individuação é um processo autônomo de realização da totalidade individual vivida como completude psicológica. Nos termos de Jung, a individuação significa a realização do Self, que é a conjunção do consciente e do inconsciente. Na realização prática desse objetivo, a interpretação dos sonhos desempenha um papel dominante, pois os sonhos são a expressão do inconsciente, tanto do pessoal quanto do coletivo.

É possível estabelecer um conjunto de etapas que levam ao objetivo final.

O primeiro passo é a assimilação da sombra

Na psicologia de Jung, a sombra representa o lado negativo (escuro) do ego. Em outras palavras, representa os aspectos éticos que são rejeitados pelo ego e que são projetados em outras pessoas como pertencentes a elas. A assimilação da sombra significa o reconhecimento dessas deficiências morais como sendo parte de nossa própria personalidade.

A sombra pode aparecer em sonhos na forma de pessoas próximas – amigos, parentes e colegas de trabalho – que exibem traços de comportamento imoral do nosso ponto de vista. Por exemplo, uma pessoa com inclinações alcoólicas ou misantrópicas pode encarnar nossas próprias inclinações desse tipo e aparecer em nosso sonho como um personagem conhecido – amigo ou parente. Sua presença em nosso sonho nos incomoda e automaticamente o rejeitamos como indesejável.

A individuação é o caminho que nos leva ao nosso ser completo, incluindo a consciência e o inconsciente

A segunda etapa é o confronto com a anima (para uma mulher, animus)

Anima é a feminilidade do homem e, de um modo geral, o seu lado emocional. O arquétipo da anima controla o relacionamento entre o homem e a mulher em diferentes estágios, desde o relacionamento mãe-filho até o casamento. A anima pode simbolizar diferentes experiências, desde a mulher que desperta o Eros do homem, até o guia espiritual ou a deusa suprema (Ísis, para os egípcios, a Virgem Maria para os cristãos).

A terceira etapa é o encontro com o arquétipo do Velho Sábio

Esta imagem abrange nossa sabedoria inata, o significado, o significado; é o espírito ou o espiritual (não deve ser confundido com o intelecto). O sábio simboliza um pensamento distinto, completamente desconhecido pelo ego, uma sabedoria universal e atemporal.

Ele pode assumir a forma de um guru em nossos sonhos (Buda, Ramana Maharshi), professor (Albert Einstein), médico (Sigmund Freud), sacerdote (Albert Schweitzer) etc., em suma, qualquer figura pública com autoridade, oferecendo conselhos ou ensinamentos. Jung afirma que esse arquétipo se manifesta em momentos difíceis da vida (que desencadeiam o processo de individuação) e que oferecem basicamente uma ponte da dificuldade inicial para um estado de equilíbrio, sentido como uma salvação. (Também chamada de função transcendente.)

O Fim do Processo

Pode ser sinalizado pela visão das mandalas, que são os diagramas que traçam esquemas do Eu, da totalidade psíquica. Essas mandalas são visões individuais espontâneas que devem ser compreendidas e integradas no contexto mental de cada um de nós. (1)

Um ponto essencial deve ser enfatizado: o processo de individuação geralmente não é um processo que pode ser concluído em um determinado período de tempo. O inconsciente não pode ser completamente assimilado – é praticamente infinito em sua manifestação. Esta é a razão pela qual o processo pode durar uma vida inteira ou pode se finalizar após a morte!

O caminho que nos leva à realização da individuação não é direto, mas com desvios e extremos (enantiodromia) que colocam o indivíduo em posições contraditórias e muitas vezes causam sofrimentos morais insuportáveis.

Por fim, o processo de individuação não parece ser uma necessidade para todas as pessoas. Isso explica por que todos os sonhos que indicam esse processo aparecem para uma minoria caracterizada pela introversão e interesse pela vida espiritual.

Em seu famoso livro autobiográfico Memórias, Sonhos, Reflexões, Jung começa com a frase: “Minha vida é uma história de auto realização do inconsciente”. (2), portanto, o que ele entende por individuação não é uma realização no nível do ego, como uma carreira profissional respeitável, um casamento bem-sucedido, um sucesso financeiro etc., mas uma atualização completa do potencial do inconsciente, que ultrapassa os limites da vida social, em direção à realização espiritual.

No entanto, Jung destaca que, paralelamente ao seu esforço para concretizar o processo de individuação, o indivíduo deve manter contato com a realidade por meio de um mínimo de integração social.

Notas:

  1. As etapas descritas acima não seguem necessariamente esta ordem. Portanto, um esquema formal de análise do processo de individuação é inconcebível.
  2. E continua: “Tudo no inconsciente busca a manifestação externa, e a personalidade também deseja evoluir para fora de suas condições inconscientes e experimentar a si mesma como um todo”. C. G. Jung – memórias, sonhos, reflexões, Vintage Books, 1989, p. 3

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