Compreendendo o inconsciente coletivo

Compreendendo o inconsciente coletivo

Por Lisa Fritscher

Atualizado em 13 de dezembro de 2019

Traduzido por Deborah Jean Worthington, de https://www.verywellmind.com/what-is-the-collective-unconscious-2671571

O inconsciente coletivo é um conceito originalmente definido pelo psicanalista Carl Jung e às vezes é chamado de psique objetiva (imparcial, sem viés). Refere-se à idéia de que um segmento da mente inconsciente mais profunda é herdado geneticamente e não é moldado pela experiência pessoal. Segundo os ensinamentos de Jung, o inconsciente coletivo é comum a todos os seres humanos e é responsável por várias crenças e instintos arraigados, como espiritualidade, comportamento sexual e instintos de vida e morte.

Carl Gustav Jung

Nascido na Suíça em 1875, Carl Jung fundou a escola de psicologia analítica. Ele é responsável por propor e desenvolver os conceitos psicológicos do inconsciente coletivo e dos arquétipos, juntamente com a personalidade introvertida e extrovertida. Jung trabalhou com Sigmund Freud, outro importante psicólogo. Nos seus primeiros estudos, o trabalho de Jung afirmou muitas das ideias de Freud. Com o passar do tempo, os dois se dividiram em seus princípios de psicologia. Jung contestou os princípios da psicanálise de Freud. Uma grande diferença entre suas explicações sobre o inconsciente é que Freud acreditava que o inconsciente era o produto de experiências pessoais, enquanto Jung acreditava que o inconsciente era o produto de experiências coletivas herdadas nos genes.

A Teoria

A teoria de Jung sobre o inconsciente coletivo era que ele é composto de uma coleção de conhecimentos e imagens com as quais toda pessoa nasce e é compartilhada por todos os seres humanos devido à experiência ancestral.

Embora os indivíduos não saibam o que são pensamentos e imagens em seu inconsciente coletivo, acredita-se que, em momentos de crise, a psique possa penetrar no inconsciente coletivo.

Instintos e arquétipos

Jung acreditava que o inconsciente coletivo é composto de instintos e arquétipos, que manifestam imagens, símbolos ou formas pré-existentes, básicas e fundamentais, que são reprimidas pela mente consciente.

Os seres humanos podem não conhecer conscientemente esses arquétipos, mas têm fortes sentimentos por eles. Segundo Jung, essas imagens mitológicas ou símbolos culturais não são estáticos ou fixos; em vez disso, muitos arquétipos diferentes podem se sobrepor ou combinar a qualquer momento. Sua teoria era que os seres humanos estão inconscientemente conscientes das implicações desses arquétipos porque são herdados.

Alguns exemplos de arquétipos propostos por Jung incluem:

  • A mãe
  • Nascimento
  • Morte
  • Renascimento
  • A anima
  • Poder
  • O herói
  • a criança

Jung considerou o arquétipo mãe o mais importante. Ele achava que o arquétipo não se manifestava apenas na forma literal de mãe, avó, madrasta, sogra ou enfermeira, mas também na forma figurativa das mães, incluindo:

Maria, Mãe de Deus

  • A Igreja
  • País
  • A Terra
  • O bosque
  • O mar
  • Um jardim
  • Um campo arado
  • Uma nascente, fonte ou um poço

Jung acreditava que o arquétipo da mãe poderia conter aspectos positivos, como amor e carinho maternos, ou aspectos negativos, como a terrível mãe ou deusa do destino.

Crenças complexas

Crenças profundas sobre espiritualidade e religião são explicadas em parte devido ao inconsciente coletivo. Jung estava convencido de que a semelhança e a universalidade das religiões do mundo apontavam para a religião como uma manifestação do inconsciente coletivo. Da mesma forma, moral, ética e conceitos de justiça ou certo e errado poderiam ser explicados da mesma maneira, com o inconsciente coletivo como parcialmente responsável.

Fobias

A memória genética pode explicar fobias específicas, o medo de um objeto específico ou de certas situações.

Às vezes, uma fobia de cobras (ofidiofobia) se manifesta em crianças, mesmo quando não há uma origem traumática aparente para o medo. Por exemplo, um estudo descobriu que um terço das crianças britânicas tem medo de cobras aos seis anos de idade, embora seja raro encontrar uma cobra nas Ilhas Britânicas.1

As crianças nunca entraram em contato com uma cobra em uma situação traumática, mas as cobras ainda geravam uma resposta ansiosa.

Jung usou sua teoria do inconsciente coletivo para explicar esses medos e fobias sociais. O medo do escuro, sons altos, pontes ou sangue podem estar enraizados neste inconsciente coletivo, proposto como uma característica genética herdada.

Sonhos

Os sonhos fornecem informações importantes sobre o inconsciente coletivo. Jung acreditava que muitos objetos simbólicos e símbolos têm um significado universal ou uniforme nos sonhos devido aos arquétipos representados. No entanto, ao contrário de seu contemporâneo Sigmund Freud, Jung acreditava que os sonhos são altamente pessoais, e a interpretação dos sonhos exige conhecer bastante o sonhador individual. Freud, por outro lado, frequentemente sugeria que símbolos específicos representam pensamentos inconscientes específicos.

Mais do que apenas ser desejos reprimidos, Jung acreditava que os sonhos compensam partes da psique que são subdesenvolvidas em nossas vidas despertas. Isso permitiu o estudo dos sonhos como instrumento de pesquisa, diagnóstico e tratamento de condições psicológicas e fobias.

É uma teoria científica?

Historicamente, tem havido algum debate sobre se o inconsciente coletivo exige uma interpretação literal ou simbólica.

Nos círculos científicos, acredita-se que uma interpretação literal do inconsciente coletivo seja uma teoria pseudocientífica. Isso ocorre porque é difícil provar cientificamente que imagens da mitologia e de outros símbolos culturais são herdadas e presentes no nascimento.

Em vez disso, acredita-se que uma interpretação simbólica do inconsciente coletivo tenha alguma base científica devido à crença de que todos os seres humanos compartilham certas disposições comportamentais.

Novas pesquisas sobre o papel das bactérias intestinais

O inconsciente coletivo está atualmente sendo examinado sob uma luz diferente. A pesquisa psiquiátrica está agora analisando o papel das bactérias no inconsciente coletivo. Os genes das bactérias intestinais superam os genes do corpo humano, e essas bactérias podem produzir compostos neuro ativos.

Alguns pesquisadores pensam que esses compostos neuro ativos podem fazer parte do inconsciente coletivo que regula o comportamento humano.2 Nesse caso, estudos sobre micróbios intestinais podem ser uma parte muito importante da pesquisa psiquiátrica do futuro.

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