A Mente Inconsciente

A Mente Inconsciente

A Mente Inconsciente

Por Saul McLeod, publicado em 2009, atualizado em 2015

Traduzido por Deborah Jean Worthington, de https://www.simplypsychology.org/unconscious-mind.html

Sigmund Freud não inventou exatamente a idéia da mente consciente versus a inconsciente, mas ele certamente foi responsável por torná-la popular e essa foi uma de suas principais contribuições à psicologia.

Freud (1900, 1905) desenvolveu um modelo topográfico da mente, pelo qual descreveu as características da estrutura e função da mente. Freud usou a analogia de um iceberg para descrever os três níveis da mente.

Freud (1915) descreveu a mente consciente, que consiste em todos os processos mentais dos quais estamos cientes, e isso é visto como a ponta do iceberg. Por exemplo, você pode estar com sede neste momento e decidir tomar uma bebida.

O pré-consciente contém pensamentos e sentimentos dos quais uma pessoa ainda não está ciente, mas que pode ser facilmente trazida à consciência (1924).

Existe logo abaixo do nível da consciência, antes da mente inconsciente. O pré-consciente é como uma sala de espera mental, na qual os pensamentos permanecem até que “consigam atrair os olhos do consciente” (Freud, 1924, p. 306).

É isso que queremos dizer no uso diário da palavra memória disponível. Por exemplo, atualmente você não está pensando no seu número de telefone celular, mas agora é mencionado que você pode recuperá-lo com facilidade.

Experiências emocionais leves podem estar no pré-consciente, mas às vezes emoções negativas traumáticas e poderosas são reprimidas e, portanto, não estão disponíveis no pré-consciente.

Finalmente, a mente inconsciente compreende processos mentais inacessíveis à consciência, mas que influenciam julgamentos, sentimentos ou comportamento (Wilson, 2002).

Segundo Freud (1915), a mente inconsciente é a principal fonte do comportamento humano. Como um iceberg, a parte mais importante da mente é a parte que você não pode ver.

Nossos sentimentos, motivos e decisões são realmente poderosamente influenciados por nossas experiências passadas e armazenados no inconsciente.

Freud aplicou esses três sistemas à sua estrutura da personalidade, ou psique – o id, ego e superego. Aqui, o id é considerado totalmente inconsciente, enquanto o ego e o superego têm aspecto consciente, pré- consciente e inconsciente.

Mente Inconsciente

Enquanto estamos plenamente conscientes do que está acontecendo na mente consciente, não temos idéia de quais informações são armazenadas na mente inconsciente.

O inconsciente contém todo tipo de material significativo e perturbador que precisamos manter fora da consciência, porque eles são ameaçadores demais para serem reconhecidos completamente.

A mente inconsciente atua como um repositório, um “caldeirão” de desejos e impulsos primitivos mantidos afastados e mediados pela área pré- consciente. Por exemplo, Freud (1915) descobriu que alguns eventos e desejos eram muitas vezes assustadores ou dolorosos demais para seus pacientes reconhecerem, e acreditava que essas informações estavam trancadas na mente inconsciente. Isso pode acontecer através do processo de repressão.

A mente inconsciente contém nossos instintos biológicos (Eros e thanatos) para os impulsos primitivos de sexo e agressão (Freud, 1915). Freud argumentou que nossos impulsos primitivos muitas vezes não atingem a consciência porque são inaceitáveis para nós mesmos, seres racionais e conscientes.

As pessoas desenvolveram uma série de mecanismos de defesa (como a repressão) para evitar saber quais são seus motivos e sentimentos inconscientes.

Freud (1915) enfatizou a importância da mente inconsciente, e uma suposição primária da teoria freudiana é que a mente inconsciente governa o comportamento em maior grau do que as pessoas suspeitam.

De fato, o objetivo da psicanálise é revelar o uso de tais mecanismos de defesa e, assim, conscientizar o inconsciente.

Freud acreditava que as influências do inconsciente se revelam de várias maneiras, incluindo sonhos e em lapsos de fala, agora popularmente conhecidos como “lapsos freudianos”. Freud (1920) deu um exemplo dessa falha quando um membro do Parlamento britânico se referiu a um colega com quem ele estava irritado como “o honorável membro do Inferno” (Hell) em vez de Hull.

Avaliação Crítica

Inicialmente, a psicologia era cética em relação à ideia de processos mentais operando no nível inconsciente. Para outros psicólogos determinados a serem científicos em sua abordagem (por exemplo, behavioristas), o conceito de mente inconsciente provou ser uma fonte de considerável frustração porque desafia a descrição objetiva e é extremamente difícil de testar ou medir objetivamente.

No entanto, a lacuna entre psicologia e psicanálise diminuiu, e a noção de inconsciente é agora um foco importante da psicologia. Por exemplo, a psicologia cognitiva identificou processos inconscientes, como memória procedural (Tulving, 1972), processamento automático (Bargh & Chartrand, 1999; Stroop, 1935) e a psicologia social mostrou a importância do processamento implícito (Greenwald & Banaji, 1995) Tais descobertas empíricas demonstraram o papel dos processos inconscientes no comportamento humano.

Entretanto, pesquisas empíricas em psicologia revelaram os limites da teoria freudiana da mente inconsciente, e a noção moderna de um “inconsciente adaptável” (Wilson, 2004) não é a mesma que a psicanalítica.

De fato, Freud (1915) subestimou a importância do inconsciente e, em termos da analogia do iceberg, há uma porção muito maior da mente sob a água. A mente opera com mais eficiência, relegando um grau significativo de processamento sofisticado e de alto nível ao inconsciente.

Enquanto Freud (1915) via o inconsciente como uma entidade única, a psicologia agora entende que a mente compreende uma coleção de módulos que evoluíram ao longo do tempo e operam fora da consciência.

Por exemplo, a gramática universal (Chomsky, 1972) é um processador de linguagem inconsciente que nos permite decidir se uma frase está formada corretamente. Separada deste modulo está a nossa capacidade de reconhecer rostos de maneira rápida e eficiente, ilustrando como os módulos inconscientes operam independentemente.

Finalmente, enquanto Freud acreditava que os impulsos primitivos permaneciam inconscientes para proteger os indivíduos da ansiedade, a visão moderna do inconsciente adaptativo é que a maioria dos processos de informação reside fora da consciência por razões de eficiência, em vez de repressão (Wilson, 2004).

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